Dando prosseguimento ao curso de Esporte e Mídia [ver aqui um resumo de todos os módulos] o Módulo 4 tratará das representações nos meios de comunicação de massa de Raça e de Esporte para Pessoas com Deficiência – em particular os esportes Paralímpicos.
Na primeira parte do Módulo 4 a discussão focará nas diferentes formas como os meios de comunicação de massa representam – ou descrevem – atletas de diferentes raças/etnias, e em particular atletas negros. Inicialmente para compreender essas diferentes representações eu farei novamente uma explanação sobre a teoria de representação do Stuart Hall [ver aqui] e em particular as três formas que ele acredita existir: reflexo; intencional; e construtiva. Dessa forma será possível compreender as razões pelas quais os meios de comunicação de massa – e em particular nas relações esporte e mídia – tanto se interessam pelo diferente (alteridade – otherness) e em específico como dicotomias se tornam essenciais nas narrativas esportivas (vilão vs herói; nós vs eles; cultural vs natural; civilizado vs selvagem; etc).
Em relação as representações de atletas negros nos meios de comunicação de massa pode-se dizer que os padrões de presença/ausência não refletiriam ideologias preconceituosas visto que a desigualdade tem diminuído nos últimos anos. Não obstante, se olharmos para as narrativas esportivas então pode-se notar uma clara ideologia racista implícita que de certa forma é resquício de um racismo científico [aqui algumas publicações sobre eugenia no Brasil]. Esse racismo científico é aparente nas narrativas esportivas quando atletas negros têm valores físicos (por exemplo velocidade, força, destreza) supervalorizados enquanto que valores mentais são subestimados, ao mesmo tempo que vemos o oposto acontecer para atletas brancos. Além disso existe certa narrativa que tende a afirmar que esses valores físicos são inatos, ou seja, atletas negros não necessitam treinar tanto quanto atletas brancos. Outra forma de narrativa esportiva é a que tende a esconder um racismo institucional/estrutural por privilegiar narrativas individuais de sucesso na medida em que depositam todo esse sucesso numa meritocracia individualista.
Na segunda parte do Módulo 4 do curso Esporte e Mídia o foco será nas representações de esportes para pessoas com deficiência e em particular ao movimento Paralímpico. Ainda se utilizando da teoria de representação do Stuart Hall a ideia central dessa segunda parte será de mostrar como o movimento Paralímpico busca mudar a opinião/percepção da audiência, em particular em relação ao reconhecimento e legitimidade do esporte Paralímpico como esporte, e de atletas Paralímpicos como atletas. Enquanto que padrões de ausência/presença de atletas negros são menos desiguais, o oposto é encontrado no esporte Paralímpico que normalmente é segregado (ghettoization) ou totalmente excluído. Quando este recebe atenção dos meios de comunicação de massa as narrativas giram em torno do ableism – discriminação em favor à pessoas saudáveis – pelo fato de que as deficiências são comumente escondidas ou obscurecidas (não discutidas). Mas, quando estas deficiências recebem atenção por parte da mídia esportiva esta tende a narrar as histórias através do modelo do supercrip – uma narrativa de piedade que mostra a superação individual de sair de uma posição de inutilidade para de atleta de alto rendimento. De mesmo modo, essa narrativa tende a criar uma expectativa de que todos podem ser super-humanos [ver opinião no The Guardian aqui] e isso só depende de um esforço próprio (narrativa essa muito semelhante à encontrada no racismo institucional/estrutural). Ao final dessa segunda parte eu focarei na minha pesquisa sobre a British Paralympic Association e como ela buscou mudar a percepção do esporte Paralímpico através de campanhas de comunicação e também de educação para os seus patrocinadores [ver aqui o capítulo do livro; e aqui para uma versão pre-print].
Espero todos no YouTube hoje a noite! 😀
Link abaixo para o vídeo no YouTube e os slideshows das duas partes do Módulo 4 do curso Esporte e Mídia:
Buenos días profesor, gracias por sus maravillosas clases. Quisiera saber cuál es la referencia completa de Hall, 2013? Obrigada.
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¡Hola! tem um link no post do livro que uso do Stuart Hall sobre representações. O livro se chama ‘Representation: Cultural Representations and Signifying Practices’. E obrigado pelo elogio! Fico feliz de estar gostando do curso 😀
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Muito bom os palestrantes
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obrigado!!
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Professor qual a referencia do texto do “Grainger, et. al 2009” que apresentas nos slides? Grata
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Oi Vanessa, e’ o capitulo nesse livro aqui >> https://books.google.co.uk/books?hl=en&lr=&id=SWyNAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PP1&dq=handbook+sport+and+media&ots=A9T4_ZNz6h&sig=eJ2TE5RPCCHbHeBuZEyN1pJNZDI#v=onepage&q=handbook%20sport%20and%20media&f=false
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